Património Rural

Fotografias de João Cosme
A rede contemporânea de aldeias e vilas tem a sua origem na Baixa Idade Média, o tempo em que se organizam os reinos peninsulares. Desde então, tecem-se no território modos únicos de construir, de modelar a paisagem, de a nomear, de pastorear rebanhos e lavrar os campos. Este singular viver com o rio sobressai na paisagem, pelas inúmeras ruínas deixadas - noras, moinhos, poldras e travessias - que relembram os seus usos, outrora essenciais à vida nas terras de RibaCôa. As principais culturas mantêm-se - as oliveiras, as amendoeiras e as vinhas, bem como algum pastoreio de ovelhas e cabras. Também a cultura bovina se mantém, com grandes áreas de gado em regime extensivo, e festas importantes como a capeia arraiana e o seu tradicional forcão.
Nas aldeias, permanecem as memórias, narradas na primeira pessoa, que podem ser ouvidas no banco da praça ou à porta da igreja. Os sabores e a gastronomia passa de boca em boca pelas gerações, e as tradições são celebradas nas muitas festas e romarias que alegram o vale do Côa.
USOS DO CÔA - MOINHOS

Moinho do Engenho, Sabugal, Fotografia de João Cosme
As águas do Côa refrescam e são capazes de mover engenhos que realizam trabalho mecânico. O impulso da água desencadeia o movimento das pás, dos eixos, das turbinas...
Situado a sul da aldeia de Vale de Espinho, do complexo conhecido por “Moinho do Engenho”, fazem parte um moinho e uma fábrica. Era com muita arte que este “engenho”, apelando à valentia das águas, fazia girar as turbinas e a fábrica funcionar.
A eletricidade assim gerada servia não só para produção das mantas, mas também como fonte de energia para outros fins. Foi aqui que, pela primeira vez, se produziu eletricidade na região, e que era suficiente para servir Vale de Espinho e outras localidades, designadamente a cidade da Guarda e Naves Frias em Espanha.

Conhecem-se doze moinhos em Vale de Espinho e dois deles encontram-se operacionais.
No Outono, cada pedaço de terra disponível era semeado com trigo ou centeio. No Verão, dormia-se no campo, em cabanas de palha e a ceifa ocupava toda a família, dia e noite. Depois, Verão ou Inverno, mulas e bois desciam e subiam a encosta, carregando sacos ora de cereal, ora de "pão" (farinha). No fundo do vale, moinho e moleiro prosseguiam incansáveis o seu trabalho de transformar o cereal, sendo o seu serviço pago também em cereal, a chamada "maquia".
Em cada aldeia, à mesa de cada casa nunca faltaria o pão, alimento base da dieta da população durante séculos.
Etapas 1 e 2 a pé | Etapa 1 BTT
Moinho do Zé Ricado, fotografia de João Cosme
NORAS

As noras, utilizadas para tirar a água de poços, foram introduzidas na Península Ibérica pelos muçulmanos, sendo a palavra também de origem árabe "na'ûra".
Bois ou burros caminhavam à volta do engenho, fazendo girar o eixo vertical, que passava o movimento a um conjunto de vasos de metal. Num movimento sucessivamente descendente e ascendente, os vasos transportavam a água do fundo do poço até à superfície. Ao inclinar-se para retomar o movimento descendente, o vaso liberta a água num tabuleiro que a conduz ao destino: outro poço, uma horta ou uma pia para dar de beber ao gado.
Etapas 1, 2 e 3 a pé | Etapa 1 BTT
Nora em Vilar Maior, fotografia de Júlio Marques
FAUNA - CURRAL DE LOBOS

Fojo da Cabrita, Eduardo Realinho

Antes do uso generalizado de armas de fogo, as comunidades construíam armadilhas em pedra, os fojos. O lobo era atraído para o seu interior através da utilização de um isco vivo, um cabrito ou borrego. Uma vez lá dentro, o lobo via-se preso, sendo depois abatido. Situado entre Mangide e Vale de Madeira, este chama-se Curral de Lobos ou Fojo da Cabrita.
Hoje, o lobo é uma espécie protegida, devido ao reduzido efectivo das suas populações, sendo a sua perseguição e abate ilegais.
Etapa 6 Oeste a pé | Etapa 2 Oeste BTT
Fojo da Cabrita, Eduardo Realinho
ALIMENTAÇÃO - FORNO DA MALCATA

Frequentes noutros tempos - cada aldeia possuía pelo menos um - escassos na actualidade, as acções de preservação do património têm permitido a sua recuperação. Em situações particulares é-lhes atribuída uma função pedagógica. É o caso do forno da Malcata, transformado em espaço museológico.
Geralmente de arquitectura circular e em forma de cúpula, construído com tijolo-burro, o forno era encimado com uma camada de terra barrenta que preservava o calor. A parede exterior era revestida com a pedra de maior abundância.
Etapa 2 a pé | Etapa 1 BTT
Forno da Malcata, fotografia de João Cosme
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
Património Pré-Histórico | Património Histórico | Castelos | Património Natural | Património Rural |